Servidores do Ministério dos Povos Indígenas que visitaram dez aldeias na Terra Indígena Pirahã, no Amazonas, no começo de dezembro, se depararam com um quadro de fome e desnutrição entre indígenas da etnia.
A visita técnica do ministério, que também incluiu representantes da Funai, foi feita entre os dias 3/12 e 8/12 e relatada no último dia 5/1, em reunião da “sala de situação” instalada por ordem do Supremo Tribunal Federal para acompanhar o quadro sanitário nas terras indígenas desde a pandemia de Covid-19 (a imagem acima, da Terra Pirahã, é de julho de 2023).
Os dois coordenadores da Secretaria de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas (SEDAT) que viajaram ao município amazonense de Humaitá, nas regiões de Alto e Baixo Maecí, onde fica a terra dos Pirahã, relataram alimentação escassa dos indígenas.
Jesiel Sateré-Mawé, um dos servidores, falou em “quadro de desnutrição visível” entre os Pirahã, que, segundo ele, esperam a entrega de cestas básicas pela Funai.
Deylane Barros, outra integrante da pasta que acompanhou a visita, disse que a Coordenação Técnica Local da Funai distribui cestas básicas “a conta gotas” e apontou a necessidade de ampliar a distribuição de alimentos que sejam adequados à realidade e à cultura dos indígenas.
Diante dos relatos, a representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sofia Mendonça, questionou o ministério sobre articulações para evitar a “dependência” de cestas básicas, incluindo produção de agricultura familiar do entorno do território ou cooperativas indígenas.
A diretora de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato da pasta, Beatriz Matos, viúva do indigenista Bruno Pereira, sugeriu que seja feito um levantamento sobre o assunto no ministério.