Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Ahmed Al Jaber, presidente da COP28, a última cúpula climática mundial, em Dubai, afirmou que sua empresa continuará investindo em petróleo. Al Jaber elogiou o acordo de transição para o fim do uso de combustíveis fósseis, que mas precisa atender a demanda atual.
O sultão é o presidente-executivo da empresa nacional de petróleo e gás dos Emirados Árabes Unidos, a Adnoc.
“A minha abordagem é muito simples: continuaremos a agir como um fornecedor responsável e confiável de energia de baixo carbono, e o mundo precisará dos barris com menor teor de carbono e ao menor custo”, argumenta.
Líderes da COP28 anunciam texto final com acordo para transição do uso de combustível fóssil
Líderes da COP28 anunciam texto final com acordo para transição do uso de combustível fóssil
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Mais de 170 nacionalidades participaram da COP28
Fernando Donasci / Fotógrafo COP
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Protestos em debate brasileiro na COP28 que pedem pelo fim do desmatamento
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Em protesto, ativistas mostram faixa escrita: “Luta global para acabar com os combustíveis fósseis”
Dominika Zarzycka/NurPhoto via Getty Images
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Ativista vestida de peixe-boi segura cartaz escrito: “Sem mais fósseis”, contra o uso de combustíveis fósseis
Sean Gallup/Getty Images
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Pessoas protestam contra as mudanças climáticas na COP28, com cartaz que aponta que 2023 será o ano mais quente registrado
Dominika Zarzycka/NurPhoto via Getty Images
Sultan Ahmed al Jaber presidente da COP28
Sultan Ahmed al Jaber presidente da COP28
Reprodução
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Caminhada de chefes de Estado a COP28
Reprodução/
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Segundo ele, os hidrocarbonetos da Adnoc são de baixo carbono, retirados de forma eficiente e com menos vazamento do que outras fontes. “No final das contas, lembre-se: é a demanda que decidirá e ditará que tipo de fonte de energia ajudará a atender às crescentes necessidades energéticas globais”, explica.
Al Jaber usa decisões tomadas dentro da COP28 para embasar suas decisões de continuar investindo em petróleo. Por exemplo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
No evento, chegou-se à conclusão de que a humanidade ainda precisará de uma pequena quantidade de combustível fóssil em 2050. Nesse ano, o objetivo é atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa, medida essencial para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
“O mundo continua a precisar de petróleo e gás de baixo carbono e de petróleo e gás de baixo custo”, disse ele. “Quanto à demanda para, a história é completamente diferente. O que precisamos de fazer agora é descarbonizar o sistema energético atual, enquanto construímos o novo sistema energético”, aponta.
Na COP28, Al Jaber foi elogiado
Al Jaber garante que os investimentos feitos na empresa de petróleo – 150 milhões de dólares – estão dentro dentro do objetivo de 1,5°C na temperatura. E que a Adnoc estava renunciando a grande parte de sua extração potencial.
No fim da cúpula, Al Jaber se tornou objeto de muitos elogios, ao apelar para os países “contribuírem na transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, “de uma forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação em nesta década crítica, de modo a atingir zero emissões líquidas até 2050, de acordo com a ciência.”
De fato, foi a primeira vez em uma cúpula assim que essa transição dos combustíveis fósseis teve citação oficial nos documentos finais. Entretanto, especialistas também afirmaram que as decisões estão longe de ser suficientes para limitar os impactos da crise climática. E países em desenvolvimento reclamaram que não existe garantia de financiamento para alcançarem tais objetivos.
Na entrevista ao The Guadian, Al Jaber se defendeu do fato de integrar o comando de uma empresa de petróleo. Disse que não serviu de “policial da indústria”, mas que viu uma vantagem de conhecer os dois lados.
Isso porque ele também foi cofundador da empresa de energia renovável, a Masdar. “Estou comprometido com a transição [para um mundo de baixo carbono]. Isso é algo em que tenho trabalhado pessoalmente há mais de 18 anos. Conheço dinâmica energética e economia energética. Eu sou um engenheiro.”