PM filmado matando esposa a tiros em SP vira réu: “Atacou de surpresa”

São Paulo — A Justiça paulista aceitou a denúncia de homicídio qualificado contra o policial militar (PM) Thiago Cezar de Lima, de 36 anos, que foi filmado (veja abaixo) dando socos e atirando em seguida na esposa, em Perus, na zona norte da capital paulista. O feminicídio aconteceu na madrugada de 3 de dezembro.

O PM, que está preso preventivamente e agora é réu no processo, foi formalmente acusado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) de matar a tiros Erika Satelis Ferreira, 33 anos com quem era casado há seis meses. Para a promotoria, a vítima não teve chance de defesa e foi assassinada por ser mulher em contesto de violência doméstica. Ela havia denunciado o marido no mês anterior.

A denúncia foi aceita pela juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha, do Foro Central Criminal, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), na quinta-feira (14/12). Na ocasião, a magistrada também decretou segredo de justiça no processo.

“Os indícios mínimos de autoria exigidos nesta fase do processo estão consubstanciados nos depoimentos prestados pelas testemunhas policiais militares, bem como pelo vídeo de câmera de monitoramento de segurança existente no local dos fatos que, a despeito de não ter sido juntado aos autos com eficiência, circulou fartamente pela imprensa”, escreveu.

Feminicídio

Na denúncia, obtida pelo Metrópoles, o promotor Romeu Galiano Zanelli Júnior, do MPSP, afirma que, no dia do crime, o PM e Erika estavam no carro dela e começaram a discutir, por motivos ainda desconhecidos. A vítima parou o carro na Rua Bananalzinho, desembarcou e começou a tentar tirar o marido do veículo. O caso foi flagrado por câmera de segurança.

“Após algumas tentativas fracassadas da ofendida, o investigado saiu e passou a agredi-la violentamente com socos. Ato contínuos, tratando-se de policial militar, ele sacou a arma de fogo da corporação que trazia consigo e desferiu disparos no tórax da esposa, com intenção de matá-la”, relatou.

Ainda segundo a denúncia, com a vítima ainda caída, o PM ainda chegou a manobrar o carro para deixar o local. “Contudo, ele acabou recolhendo o corpo dela do asfalto alguns instantes depois, e a levou para o Pronto Socorro de Taipas, onde ela chegou sem vida.”

“É inquestionável que o investigado empregou recurso que dificultou a defesa da ofendida, pois a atacou de surpresa, em circunstâncias em que ela jamais esperava que puder ser agredida por ele, seu marido e um policial militar”.