Um choque de versões entre a Mesa Diretora do Senado e o gabinete de Randolfe Rodrigues mantém o líder do governo no Congresso filiado à Rede Sustentabilidade no sistema interno da Casa.
Randolfe anunciou a desfiliação da Rede no dia 18 de maio, após sucessivos entreveros com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em nota enviada à coluna, a Secretaria-Geral da Mesa do Senado informou que até hoje “não recebeu nenhuma notificação quanto à mudança partidária” de Randolfe.
Questionada sobre o assunto, a assessoria de imprensa do senador declarou que a comunicação à Mesa Diretora já ocorreu, mas não mencionou em qual data formalizou a citação. A coluna apresentou a resposta dada pelo Senado, mas o gabinete de Randolfe reforçou que cumpriu o trâmite legal.
Diante do posicionamento do gabinete de Randolfe, a coluna voltou a procurar a Mesa Diretora do Senado para questioná-la sobre a desfiliação do senador. O Senado ratificou que “não recebeu nenhuma notificação quanto à mudança partidária do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)”.
O site do Senado também mostra Randolfe como titular do mandato do Amapá pela Rede. A filiação é apresentada no perfil do senador e na relação que descreve a formação dos blocos partidários na Casa.
Randolfe é o único parlamentar que pertence à Rede no Senado. Como não foi informada sobre a desfiliação, a Casa não extinguiu o gabinete de liderança do partido. A estrutura, localizada no 9º Pavimento do Anexo I, possui apenas um funcionário empregado. Trata-se de Wesley Diógenes, que ocupa o posto de maior salário para um comissionado no Senado. Em abril, Diógenes teve o apoio de Randolfe para se reeleger presidente da Rede. Ele comanda a legenda ao lado da ex-senadora Heloísa Helena.
Hoje, a Rede pertence ao bloco governista no Senado, que conta com PT, PSB e PSD. A entrada no bloco ocorreu em abril, às vésperas da formação da CPMI do 8 de Janeiro. A Rede integrava o grupo liderado por MDB e União Brasil, mas Randolfe decidiu migrar para a ala governista para tirar uma vaga do PL na CPMI. Na ocasião, o senador admitiu que negociou a mudança para reduzir o espaço da oposição na comissão.
À coluna, a assessoria de Randolfe informou que “está consagrado no regimento do Senado que bancada unitária não tem participação em cargos na estrutura” do Senado. A respeito da participação de Randolfe em outras comissões, já que a CPMI teve fim, a assessoria declarou que a atuação “em comissões independe de filiação partidária” e que há precedentes para corroborar a versão, como o caso do ex-senador Reguffe, que ficou meses sem filiação partidária e continuou ativo em comissões. “O senador é alinhado ao bloco partidário que faz suas indicações,” afirmou o gabinete de Randolfe.