A Usina de Santo Antônio, em Porto Velho (RO), foi desligada neste domingo (1º/10), sem previsão de retomada da sua operação, em função da seca na Amazônia. Esta é a primeira vez que a hidrelétrica é desativada devido à falta de chuvas.
“A Santo Antônio Energia, em reflexo dos baixos níveis de vazão registrados atualmente no rio Madeira, aproximadamente 50% abaixo da média histórica, interrompeu excepcionalmente a operação da Hidrelétrica Santo Antônio, em alinhamento com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)“, informa comunicado da usina, publicado nesta segunda-feira (2/10).
A usina instalada no Rio Madeira é a quarta maior do país e responsável por cerca de 4% do consumo nacional de energia em época de cheia. No entanto, em períodos de escassez de chuva na Região Norte, a contribuição da Santo Antônio para a geração de eletricidade no país é menor.
Além disso, outro fator que contribui para que não haja uma crise de abastecimento com o desligamento da usina é o alto índice de chuva em outras regiões do Brasil. Isso permite uma reorganização no sistema de geração de energia do país.
Projetada para minimizar o seu impacto ambiental, a usina hidrelétrica tem limitações operacionais. A estrutura precisa uma vazão máxima e mínima para que as turbinas operem.
Seca
Uma estiagem começou a atingir a Amazônia na última semana. Dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) mostram que a seca na Amazônia pode bater recordes este ano e se estender até janeiro de 2024.
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Seca no município de Benjamin Constant (AM)
Secretaria Municipal de Comunicação de Benjamin Constant
Barcos no Rio Amazonas
Barcos na seca do Rio Amazonas, próximo ao município de Benjamin Constant
Secretaria Municipal de Comunicação de Benjamin Constant
Estiagem no Amazonas
Divulgação/Prefeitura de Manaquiri
Estiagem no Amazonas
Estiagem no Amazonas
Prefeitura de Manaquiri (AM)
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A previsão do órgão do governo federal é de que a seca seja amenizada apenas a partir de março ou abril do próximo ano.
A expectativa do governo do Amazonas é de que a estiagem afete a distribuição de água e de alimentos para, aproximadamente, 500 mil pessoas. Na Região Norte do país, o principal meio de transporte é por via fluvial e a falta de chuvas deve impactar na locomoção da população e na entrega de suprimentos de primeira necessidade.
A seca deve afetar os rios da região, afetando a navegação e aumentando o número de queimadas, com prejuízos para milhares de pessoas que dependem dos rios.
Estima-se que trechos de afluentes importantes para a formação do rio Amazonas, como o Negro e o Solimões, devem ter vazões abaixo da média histórica. O mesmo deve ocorrer com o Juruá, Madeira, Purus e Xingu, segundo dados gerados a partir das medições da Agência Nacional de Águas (ANA).