Uma das fotos utilizada para negociar a venda de joias recebidas como presente oficial pelo governo federal revela o rosto do general do Exército Mauro Lourena Cid –pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid – no reflexo da caixa.
A investigação da Polícia Federal (PF) revelou conversas datadas de 4 de janeiro deste ano, nas quais Mauro Cid filho pediu para que o pai tirasse foto das joias. Em seguida, ele manda as fotos de dois objetos: uma palmeira e um barco dourados.
Troca de mensagens entre Mauro Cid e seu pai, Mauro Lourena Cid, falando sobre as esculturas dadas como presente ao governo federal durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Escultura de palmeira e de barco presenteados ao Brasil. Mauro Cid tentou vendê-los nos EUA, mas não conseguiu porque não eram de ouro, apontou PF. / Reprodução
Escultura de palmeira e de barco presenteados ao Brasil. Mauro Cid tentou vendê-los nos EUA, mas não conseguiu porque não eram de ouro, apontou PF. / Reprodução
Em uma dessas fotos, o reflexo na caixa que guarda o objeto mostra o rosto de Mauro Lourena Cid. Veja:
Foto tirada pelo pai de Mauro Cid, que revela o reflexo de seu rosto na caixa de joias presenteadas ao governo federal. A mesma foto foi utilizada na tentativa de vender as esculturas. / Reprodução
Logo depois, em outra troca de mensagens, Mauro Cid filho manda dois endereços para o pai, identificados como lojas que, aparentemente, comercializam objetos de ouro ou outros metais preciosos. O pai responde: “Eles sabem que eu irei levar para avaliação?”. E o filho confirma que sim.
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Alguns dias depois, em 9 de janeiro, as mesmas fotos tiradas por Mauro Cid pai são enviadas pelo filho em uma conversa com o contato Nicholas Luna, associado à empresa Fortuna Auctions, especializada em leilões de joias e relógios de luxo.
A Polícia Federal aponta que as joias que aparecem nas fotos de Mauro Lourena Cid foram recebidas pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) como presente ao governo federal, no encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira na cidade de Manama, no Reino do Bahrein, em novembro de 2021.
O tweet a seguir está anexado na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que autorizou a operação da PF:
Tweet anexado na decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes mostra o então presidente Jair Bolsonaro (PL) recebendo a escultura em formato de palmeira dourada como presente no encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em 2021. / Reprodução
A conclusão da Polícia Federal é de que há indícios de que as esculturas possam ter sido desviadas do patrimônio público, sem sequer terem sido submetidas ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) para avaliação de decisão a quanto a sua destinação.
A tentativa de vender as esculturas teria como objetivo a incorporação do valor adquirido a patrimônio pessoal do ex-presidente e seus aliados.
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A PF aponta que as esculturas apenas não foram vendidas, pois Mauro Cid pai descobriu que elas não eram feitas de ouro, e por isso teriam valor abaixo do esperado por eles.
Conforme a decisão de Moraes: “as investigações apontam que as esculturas foram evadidas do Brasil para os Estados Unidos da América, em uma mala transportada no avião presidencial, no dia 30/12/2022 e que MAURO CESAR BARBOSA CID, em unidade de desígnios com seu pai, MAURO CESAR LOURENA CID e com os assessores do então Presidente OSMAR CRIVELATTI E MARCELO CAMARA, remeteu os bens para lojas especializadas, com objetivo de avaliá-los e vendê-los, para posterior
incorporação do valor arrecadado ao patrimônio pessoal do então presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO, o que não se concretizou, tão somente, em razão do baixo valor patrimonial das esculturas.”
A CNN tenta contato com as defesas de Mauro Lourena Cid, Mauro Cid, Osmar Crivelatti, Frederick Wassef e Jair Bolsonaro e aguarda retorno.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Reflexo do pai de Cid aparece em foto usada para negociar presente e vira prova para PF; veja imagem no site CNN Brasil.