São Paulo – Relatório do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) mostra que a maioria das pessoas presas durante a Operação Escudo, deflagrada na Baixada Santista, no litoral paulista, estava sem armas ou drogas e tinha ficha de antecedentes limpa. Também aponta que um a cada quatro presos apresentava sinais de lesão corporal.
As informações, divulgadas pelo CNDH nesta sexta-feira (1º/9), têm como base levantamento da Defensoria Pública de São Paulo. O órgão analisou 170 casos de pessoas presas em flagrante no litoral entre os dias 27 de julho e 15 de agosto.
Segundo o relatório, o perfil dos detidos em flagrante é de jovens entre 18 e 24 anos, negros (71,8%), sem antecedentes criminais (55%) e que foram presos “sob a acusação de crimes sem violência ou grave ameaça (73%)”. “Em 90% dos casos analisados, não houve apreensão de armas de fogo e em 67% deles, não houve apreensão de drogas”, diz o CNDH.
“Destaca-se, ainda, que, em 1 de cada 4 casos, houve registro em laudo de que a pessoa presa foi apresentada com sinais de lesão corporal”, registra o documento.
A Defensoria analisou, ainda, 164 capturas – prisão de pessoas contra quem havia mandados judiciais. “Desse total, 36 casos referem-se a prisões por dívida de pensão alimentícia”, afirma. “Dos 128 casos de mandado judicial criminal, 23% são de ordens judiciais para cumprimento de pena em regime aberto.”
policial1
PM da Rota Patrick Bastos Reis baleado e morto durante patrulhamento no Guarujá
Divulgação/Polícia Militar
atendimento pm morto guaruja
Policiais da Rota baleados no Guarujá foram socorridos no Pronto Atendimento Municipal da Rodoviária
Reprodução
soldado reis rota
Soldado da Rota foi morto quando fazia patrulhamento no litoral paulista
Reprodução/Redes Sociais
nota pm morte policial guaruja
PM declara luto pela morte de Patrick Bastos Reis, policial da Rota morto no Guarujá
Viatura_Rota
Viatura da Rota desce em direção ao litoral paulista
Renan Porto/Metrópoles
abre-rsz_1rota_1
Integrante da Rota em policiamento no Guarujá
Divulgação/Rota
imagem_suspeitos de matar PM da Rota no Guarujá
Denunciados por participação na morte de PM da Rota no Guarujá: Erickson David da Silva, Kauã Jazon da Silva e Marco Antonio, o Mazzaropi
Arte/Metrópoles
abre_rota_abre
Policiais da Rota em operação em São Paulo
Divulgação/Rota
rota comemora_compressed
Policiais militares comemoraram nas redes sociais mortes de suspeitos na Operação Escudo, deflragrada no litoral sul paulista após o assassinato do soldado da Rota
Reprodução
0
Denúncias contra Operação Escudo
A Operação Escudo foi deflagrada pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) após a morte do policial militar Patrick Bastos Reis, de 30 anos, assassinado com um tiro no tórax. O agente fazia parte das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a tropa de elite da PM paulista.
Com base em depoimentos de testemunhas, o CNDH denuncia uma série de supostas irregularidades cometidas por policiais militares. As suspeitas incluem a execução de inocentes – um pastor, dois ajudantes de pedreiro e um morador de rua.
Houve registro até de morte de um cachorro em um suposto tiroteio. Também haveria indícios de omissão de socorro e destruição de provas.
No relatório, o CNDH recomenda que o governo Tarcísio interrompa “imediatamente” a Operação Escudo no litoral paulista e esclareça, em até 20 dias, as mortes provocadas durante ações policiais.
Falta de diálogo
O órgão afirma, ainda, que tentou mais de uma vez, mas não conseguiu se reunir com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) antes da divulgação do relatório.
“O CNDH enviou solicitação de reunião para o gabinete do Governador no dia 09 de agosto de 2023. No dia 15 de agosto de 2023, o Secretário de Segurança Pública disponibilizou o dia 23 de agosto de 2023 para a reunião com o CNDH. A reunião foi em seguida confirmada para essa data”.
“Na sequência, o Secretário solicitou adiamento para o dia 24 de agosto de 2023. A reunião foi novamente confirmada. No dia 24 de agosto de 2023, contudo, o Secretário de Segurança Pública resolveu cancelar a reunião, sem a indicação de nova data”.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário da Segurança Pública, o ex-policial da Rota Guilherme Derrite, defenderam publicamente as ações da polícia na região, que até o momento resultaram em 24 mortes oficiais.