São Paulo – Cynthia Giglioli Herbas Camacho, a mulher de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o chefão do Primeiro Comando da Capital (PCC), acusa a Penitenciária Federal de Brasília de fornecer “comida estragada” e de submetê-lo a suposta “situação desumana”. Ele está na unidade desde janeiro.
Por meio de nota divulgada pelo seu advogado, Bruno Ferullo, a mulher de Marcola também afirma que os recentes problemas de saúde do criminoso estariam relacionados com a rotina na cadeia de segurança máxima no Distrito Federal. O líder do PCC foi transferido para lá após a descoberta de um plano de fuga na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO).
Segundo a mulher, Marcola reclama semanalmente que “tem passado fome” em Brasília, já perdeu cerca de 20 quilos e “não recuperou [o peso] até hoje”. “Quando a comida não chega estragada, é escassa e de má qualidade, ocasionando por diversas vezes infecção intestinal nos presos”, diz. “Quase todos os presos que lá estão (…) relataram situações em que passavam fome ou adoeciam.”
“Cynthia assevera que por muito tempo se manteve quieta, longe de toda a imprensa com medo de possíveis represálias pelo Estado, temendo não somente pela sua integridade física, mas também pela do seu marido, entretanto, em razão de não aguentar mais a circunstância a qual estão submetendo Marco, decidiu falar”, diz o comunicado.
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Ao menos 90 policiais foram mobilizados para a escolta do preso
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Líder máximo da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) chegou ao hospital na manhã desta sexta-feira (4/8)
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Equipes de policiais contaram com integrantes de diferentes corporações e grupamentos
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Marcola está detido na Penitenciária Federal de Brasília
Hugo Barreto/Metrópoles
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Detento passou por exames de rotina
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Marcola é considerado o líder máximo do PCC
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Equipes usaram helicóptero para transportá-lo da penitenciária ao hospital
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Transporte de Marcola ao hospital contou com forte esquema de segurança
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Problemas de saúde
Em agosto, Marcola foi levado de helicóptero para fazer exames médicos em um hospital público do Distrito Federal, com algemas e sob escolta de 90 policiais fortemente armados. Ele foi diagnosticado com gastrite enantematosa, tipo de inflamação que afeta a mucosa que recobre o estômago.
“Nós familiares não queremos que sirvam lagosta, e sim, apenas uma comida possível de ser comer”, diz. “Entendemos que tem diversas pessoas no mundo passando fome, o Estado está fornecendo comida, ainda que pouca, e de fome ele não vai morrer! Mas a verdade é que o dinheiro é do Estado e tem que ser fiscalizado, nesse caso, para onde vai o dinheiro que seria destinado aos custodiados pelo Estado?!”.
No comunicado, a mulher afirma que estariam “submetendo Marco a um método de tortura pelo resto da vida” e que estaria “extremamente preocupada com o estado da saúde mental do seu marido”. Ele estaria em uma cela ao lado de três presos de quem, “por questões de foro íntimo”, teria preferido se afastar.
“Marco nunca sai da cela para o banho de sol, apenas para visita que ocorre uma vez por semana”, diz. “A unidade o isolou como se estivesse em um pavilhão inteiro só para ele, vivendo em completa solidão”.
Ainda segundo o comunicado, a mulher “tem percebido que seu marido vem sempre muito pálido, com as mãos bem trêmulas, que só vão passando após 1 hora de visita”. A visita acontece no parlatório, sem contato físico.
O Metrópoles procurou a Secretaria Nacional de Políticas Penais. Até o momento, não houve retorno, mas o espaço segue aberto para manifestações.