A ativista iraniana Narges Mohammadi, de 51 anos, foi oficializada como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz deste ano. Em setembro, ela havia redigido um artigo ao The New York Times, no qual afirma que: “Quanto mais nos prendem, mais forte ficamos”. Atualmente, ela está encarcerada na prisão de Evin, em Teerã, no Irã.
Ela é conhecida principalmente por sua luta em prol dos direitos das mulheres no Irã, após a prisão e morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, por “uso incorreto” da indumentária.
A prisão em que ela está alocada é conhecida por deter presos políticos desde a Revolução Islâmica. Mohammadi esteve presa em Evin cerca de três vezes, conforme ela mesma descreve no artigo de opinião no NY Times.
Ela ainda denunciou agressões sexuais e físicas às mulheres do presídio Evin. “Apesar disso, continuamos a erguer nossas vozes”, destaca. “Nós somos abastecidas pela nossa vontade de sobreviver, seja dentro da prisão ou fora. O governo violento e essa repressão brutal pode manter as pessoas longe das ruas, mas nossa luta continuará até o dia que a luz perseverar contra a escuridão, e o Sol da liberdade abraçar o povo iraniano”, conclui.
Narges Mohammadi fala do dia a dia na prisão
No artigo, Mohammadi descreveu seu dia a dia no presídio, e disse que ela e outras prisioneiras viram na televisão a morte da menina Amini. “Foi há um ano atrás, em um sábado, que ela morreu sob a custódia da polícia da moralidade no Irã, sob a alegação de não vestir propriamente o hijab. E sua morte provocou uma revolução imediata, que se espalhou, liderada por mulheres, que abalou o país”, escreveu.
“Nós estávamos repletas de luto, e raiva. Usamos nossos telefones para coletar informações. À noite, fazíamos reuniões para trocar informações sobre as notícias que ouvimos. Estávamos presas por dentro, mas fazíamos o que podiamos para levantar nossas vozes contra o regime”, descreve a ativista. “(…) Então, [após parte de Evin pegar fogo] nós entoamos ‘Morte à República do Islã’”, completou.
O artigo ainda descreve que centenas de pessoas foram presas meses após os protestos pela morte da menina Amini. “Estive presa três vezes em Evin, desde 2012, e nunca vi tantas admissões aos protestos das mulheres como nos últimos meses”, revela. “O que o governo não entende é que quanto mais nos prendem, mais forte ficamos”, ressalta.