São Paulo — Poucas horas após enterrar a irmã, morta durante o ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, nessa segunda-feira (23/10), Gustavo Sheldon Bezerra da Silva, de 27 anos, falou com o Metrópoles. Consternado, ele queria contar detalhes sobre Giovanna, caçula da família e sua “cúmplice”.
“Ela era minha cúmplice e eu perdi isso. Ela mantinha a minha lucidez, era a pessoa para quem eu contava meus segredos. E agora ela se foi”, disse o irmão ainda emocionado.
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Movimentação de pessoas no velório de Giovanna Bezerra da Silva, morta em ataque a escola em SP; na foto, de bengala, o avô de Giovanna
Leonardo Amaro/Metrópoles
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Movimentação de pessoas no velório de Giovanna Bezerra da Silva, morta em ataque a escola em SP
Leonardo Amaro/Metrópoles
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Movimentação de pessoas no velório de Giovanna Bezerra da Silva, morta em ataque a escola em SP; na foto, de bengala, o avô de Giovanna
Leonardo Amaro/Metrópoles
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Movimentação de pessoas no velório de Giovanna Bezerra da Silva, morta em ataque a escola em SP; na foto, de bengala, o avô de Giovanna
Leonardo Amaro/Metrópoles
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Movimentação de pessoas no velório de Giovanna Bezerra da Silva, morta em ataque a escola em SP; na foto, de bengala, o avô de Giovanna
Leonardo Amaro/Metrópoles
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Velório da estudante Giovanna Bezerra da Silva, morta em ataque a escola na zona leste
Leonardo Amaro/Metrópoles
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Movimentação de pessoas no velório de Giovanna Bezerra da Silva, morta em ataque a escola em SP; na foto, de bengala, o avô de Giovanna
Leonardo Amaro/Metrópoles
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A adolescente morta durante ataque a escola
Reprodução/Instagram
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Cartaz com informações sobre o funeral da estudante Giovanna Bezerra da Silva, morta durante ataque a escola na zona leste
Reprodução
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Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, morreu dentro da escola com um tiro na nuca, disparo à queima-roupa por um estudante de 16 anos que abriu fogo por volta das 7h30. Outras duas alunas de 15 anos foram atingidas na clavícula e no abdômen e se recuperam sem riscos. Ela não tinha contato com o autor do ataque, que foi apreendido.
A adolescente é a segunda vítima fatal de ataques a escolas estaduais neste ano. Em março, a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, foi morta na escola Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, em um atentado a faca cometido por um aluno.
Nessa terça-feira (24/10), dezenas de estudantes e familiares estiveram no velório e no enterro da adolescente, marcado por muita comoção. Gustavo diz que os amigos da irmã “só faziam elogios” a ela. “Eles falavam que a única coisa que a Giovanna queria saber era estudar e procurar a palavra de Deus”, disse.
A estudante sonhava em se tornar advogada. O irmão, no entanto, diz que imaginava outro futuro para ela. “A vontade dela era ser advogada, mas eu enxergava nela uma professora de educação física”.
Giovanna era apaixonada por vôlei e todos os domingos ia para a quadra do bairro, em frente à casa dos pais, para jogar com os vizinhos. Gustavo conta que as crianças da região ficavam ao redor dela, observando os movimentos durante os jogos.
Agora, ele pensa em criar algum projeto envolvendo o esporte para homenagear a irmã enquanto tenta se recuperar do baque de perder sua única irmã.
“Eu não desejo isso nem para a família do menino [responsável pelo ataque]”, afirma ele, sobre a dor que sente pela perda sua com os pais.
Em meio ao luto, ele conta que foi surpreendido com uma notícia sobre a irmã. Pouco antes de morrer, Giovanna tinha dito para a mãe que queria usar parte de seu primeiro salário para presentear o irmão — ela tinha conseguido um emprego como auxiliar de escritório havia um mês.
“Ela separou R$ 100 para comprar uma blusa de frio pra mim”, diz Gustavo. “Eu desabei. Ela não conseguiu fazer [o que queria]”, afirma ele, aos prantos.
O irmão diz que pretende processar a escola pela tragédia que tirou a vida da estudante. A ideia, segundo ele, é obrigar o Estado a tornar o local mais seguro. Gustavo defende que sejam implantados detectores de metal para evitar a entrada de armas na escola.