O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público do DF (MPDFT) contra Gustavo Chiovatto Najjar, 37 anos. O dentista é acusado de estuprar uma influenciadora digital de 33 anos no próprio consultório, em um shopping na área central de Brasília.
Agora réu, Gustavo responderá por violação sexual mediante fraude estupro. Segundo o MPDFT, a 3ª Vara Criminal de Brasília aceitou a denúncia contra o dentista em 3 de outubro. A ação penal corre em segredo de justiça.
Especialista em harmonização facial, o dentista foi preso em 12 de setembro. De acordo com as investigações, a vítima o teria conhecido por meio das redes sociais. A influencer foi até o consultório após ser convencida pelo profissional a realizar uma avaliação.
Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (3)
Dr. Gustavo Najjar, dentista de Brasília acusado de estuprar influencer
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Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (12)
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Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (11)
O dentista foi preso em 12 de setembro, no DF
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Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (6)
Gustavo Najjar tem 37 anos
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O especialista é acusado de estuprar uma influenciadora digital
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Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (7)
O homem reúne mais de 13 mil seguidores nas redes sociais
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Gustavo é especialista em harmonização facial
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Ele foi preso preventivamente pela PCDF
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Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (4)
O dentista teria estuprado a influenciadora no consultório dele
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Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (1)
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Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (2)
Em suas redes, o dentista afirma que possui “mais de 11 mil atendimentos e zero intercorrência, além de mais 1000 alunos no Brasil e exterior”
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Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (5)
Entre as publicações no Instagram, várias fotos são em viagens internacionais
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Ao chegar ao consultório do dentista, no fim do expediente, o homem pediu que a vítima lhe mostrasse os procedimentos que ela tinha feito em seu corpo, já que a mulher havia realizado diversas cirurgias estéticas após um grande processo de emagrecimento.
Segundo a mulher, acreditando na boa-fé do dentista, ela deixou que Gustavo analisasse o corpo dela; porém, ao olhar fixamente para os glúteos da influencer, o autor disse que precisava testar a sua sensibilidade e lhe desferiu um tapa nas nádegas.
Constrangida, a vítima informou que precisava ir embora, mas o dentista a agarrou e a estuprou. A mulher tentou se desvencilhar, dizendo que queria ir embora, e passou a gritar que queria sair. O dentista puxou a vítima novamente, e a calça dela rasgou. Ele acrescentou que ninguém a escutaria, pois não havia mais ninguém no local.
Dias após ser detido, Najjar foi solto. O Metrópoles apurou que a Justiça negou a prisão preventiva do suspeito e lhe concedeu liberdade, mas teria imposto medidas cautelares a ele.
Em 29 de setembro, laudo de confronto de material genético realizado pelo Instituto de Pesquisa e DNA Forense da Polícia Civil do Distrito Federal (IPDNA/PCDF) atestou que o material biológico coletado em uma das vítimas de estupro possuía DNA idêntico ao do investigado.
Um outro laudo elaborado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) já havia confirmado que a mulher apresentava lesão corporal compatível com abuso sexual.
Com mais de 13 mil seguidores no Instagram, onde compartilha resultados das harmonizações feitas em seus pacientes, Najjar foi alvo de mandado de prisão temporária, com prazo de 30 dias. Em suas redes – que foram desativadas após as denúncias –, o dentista afirmava ter “mais de 11 mil atendimentos e zero intercorrência, além de mais 1000 alunos no Brasil e exterior”.
Outras vítimas
Após a divulgação da prisão de Gustavo, policiais da 5ª Delegacia de Polícia (área central) do Distrito Federal colheram o depoimento de outras duas mulheres que também acusam o profissional de saúde de ter as molestado sexualmente.
A primeira vítima, uma mulher de 31 anos, afirmou que o autor teria cometido o abuso em dezembro de 2022 durante um curso ministrado por ele em Fortaleza (CE).
Na ocasião, o autor teria pedido para a vítima permanecer na sala de aula durante a pausa do intervalo para o almoço, sob o pretexto dele avaliar uma cirurgia que ela tinha feito nos seios.
Najjar perguntou se a vítima tinha ficado com flacidez nos seios após a cirurgia e pediu para vê-los, tendo esta, a princípio, negado. Porém, após o autor insistir dizendo que o exame seria estritamente profissional, ela levantou a blusa. O dentista disse que realmente ela não tinha flacidez e pegou em seu seio, passando a acariciá-lo.
A mulher logo mandou ele parar e saiu em direção a porta para ir embora, momento em que o autor entrou em sua frente, lhe segurou e tentou beijá-la, dizendo que apenas soltaria quando ela se acalmasse.
A segunda, uma mulher de 44 anos, relatou que o autor teria lhe molestado em seu consultório, em agosto de 2020, durante a realização de um procedimento estético.
Ela disse que foi a última paciente a ser atendida por ele e que só estavam os dois no consultório, tendo a mulher ido ao local para fazer uma avaliação para a aplicação de fios na face.
Após ser avaliada, ela decidiu realizar a operação naquele mesmo momento. A vítima disse que durante o procedimento passou a sentir dor, tendo o autor lhe ministrado um comprimido para que ela ficasse mais relaxada. Contou que, após tomar a medicação, ficou mais “lenta” e se recorda do autor passando as mãos em seu rosto como se o acariciasse.
Em seguida o dentista perguntou se ela tinha feito algum procedimento cirúrgico e a vítima disse que tinha colocado silicone nos seios. O autor perguntou se ela tinha flacidez nos seios e pediu para ver.
A vítima disse que estava confusa com a medicação ingerida e não se recorda de como as coisas foram acontecendo, mas lembra de estar em pé, em frente a um espelho, com o suspeito a abraçando por trás com as mãos em seus seios.
Ela tentava se livrar e apenas conseguiu ir embora do consultório após sua mãe passar a telefonar de forma insistente.
Os casos relatados podem ser enquadrados como crimes de importunação sexual e de estupro de vulnerável e serão apurados em inquéritos policiais autônomos.
O outro lado
Em nota enviada em 23 de setembro –11 dias após o caso vir à tona– , a defesa do dentista Gustavo Najjar criticou o vazamento da investigação conduzida pela Polícia Civil do DF, que corre em segredo de Justiça, e diz que não comentará os detalhes do processo, justamente por conta do caráter sigiloso do inquérito.
“O que podemos adiantar, mais uma vez, é que não houve crime e que já existem provas robustas sobre isto, o que torna o vazamento parcial de informações gravíssimo. A divulgação de informações escolhidas pelos agentes públicos encarregados do inquérito, além de configurar ilícitos graves, busca criar sensacionalismo irracional para antecipar um julgamento sobre os fatos em apuração”, disse a defesa.
Os advogados do suspeito de estupro, ainda em nota, dizem que tomarão “medidas legais” para “responsabilizar os agentes públicos que, mesmo advertidos, insistem em transgredir a lei, e que assume, de forma deliberada, o risco dos resultados de sua conduta irresponsável”.
“Por fim, a defesa vai postular no Juízo competente que seja então autorizado, dada a divulgação parcial e despropositada de informações direcionadas, e para se garantir a paridade de tratamento, a divulgação das provas existentes em favor do seu cliente – o que não se pode revelar agora sem expressa autorização judicial em razão do sigilo dos autos e da exposição da intimidade de outras pessoas envolvidas na investigação”, finalizou a defesa do dentista.