São Paulo – A um ano das eleições municipais, a capital paulista tem cinco pré-candidatos à Prefeitura apresentados para a disputa. Com excessão do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), todos exercem hoje mandato de deputado federal.
Mesmo com tanto tempo até as candidaturas serem oficializadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), praticamente todos os partidos políticos do País já deram indícios sobre ao lado de qual candidatura irá estar.
Com a máquina pública sob seu controle, o caixa da cidade cheio e um histórico de alianças com a centro-direita, Nunes é o pré-candidato que mais obteve sinalizações de apoio do meio político.
Mas é Guilherme Boulos (PSol), que foi para o segundo turno das últimas eleições, quem tem lidera todas as pesquisas de opinião.
Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas feito no mês passado trouxe Boulos com 35,1% das intenções de voto. Já Nunes ficou com 29%.
Em terceiro colocado, está a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 7,5%. Em quarto, vem Kim Kataguiri (União), com 5,3%.
Pouco após a divulgação da pesquisa, o ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles (PL) anunciou seu retorno à disputa e é, novamente, um dos pré-candidatos.
Confira, abaixo, como cada um deles vem se articulando e quais são os pontos de atenção de seus grupos.
Guilherme Boulos
Na posição de líder, Boulos conseguiu garantir o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT a seu nome, o que lhe garante tempo de TV e recursos para viabilizar uma campanha competitiva. Ele tem apoio também de PCdoB, PV e Rede. No último mês, passou a fazer encontros com eleitores nos bairros mais pobres da cidade.
Boulos, porém, ainda vê parte da bancada petista na cidade distante dele, uma vez que o grupo defendia que o PT tivesse candidato próprio, e passou a virar alvo frequente de ataques de Nunes, que tenta enquadrá-lo como um “radical da extrema esquerda”.
Com sua ligação a movimentos sociais e posicionamentos políticos ligados à esquerda, esse tipo de ataque deu resultado na semana passada. Boulos tentou manter uma postura mais neutra ao comentar a atual crise de Israel, mas após críticas condenou o grupo Hamas pelos ataques.
guiherme boulos
O deputado federal Guilherme Boulos lidera as pesquisas para a Prefeitura
Câmara dos Deputados
ricardo nunes
O atual prefeito, Ricardo Nunes, aparece em segundo colocado nas pesquisas
Câmara dos Deputados
tabata amaral
Em terceira colocada, está a deputada federal Tabata Amaral
Câmara dos Deputados
kim kataguiri
O deputado federal Kim Kataguiri vem em quatro lugar
Câmara dos Deputados
ricardo salles
O deputado federal Ricardo Salles voltou a trabalhar para se viabilizar candidato
Câmara dos Deputados
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Ricardo Nunes
Desde o fim das eleições presidenciais passadas, Nunes tem negociado alianças com os dirigentes dos principais partidos do centro e da direita a seu nome. O apoio mais certo até aqui é do Republicanos, com o governador Tarcísio de Freitas. PSDB, PL e União, partidos que têm participação em seu governo, dão sinais de apoio, mas cultivam também planos próprios. Ele também deverá estar com PSD, PP, Podemos, Cidadania, PTB e PSC.
Nunes aproveita a boa situação financeira da Prefeitura para tocar uma série de obras simultaneamente, com destaque para o recapeamento de ruas. Os trabalhos, porém, ocorrem sob indícios de irregularidades por parte do Tribunal de Contas do Município (TCM).
A antecipação da disputa, por um lado, vem ajudando Nunes a “se apresentar” ao eleitor, uma vez que ele é pouco conhecido do eleitorado (dos cinco pré-candidatos, é o que tem menos seguidores nas redes sociais). Por outro lado, o fez vidraça dos demais candidatos, que fazem críticas em série sobre sua gestão pela internet.
Tabata Amaral
A deputada do PSB é tida como um nome competitivo nas eleições por aliados tanto de Boulos quanto de Nunes e vem obtendo destaque nas redes sociais.
A candidata, porém, até aqui não construiu um arco de alianças que lhe permita mais espaço no horário eleitoral (a conversa mais promissora é com o PDT). Seu partido já deu sinais de que não terá recursos suficientes para investir em sua campanha e há dúvidas se o nome mais forte da legenda no momento, o vice-presidente Geraldo Alckmin, se empenhará em uma campanha de Tabata contra Boulos, nome apoiado pelo PT de Lula.
Kim Kataguiri
A candidatura de Kataguiri é um projeto de seu grupo político, o Movimento Brasil Livre (MBL), não do diretório paulistano de seu partido. O União, na cidade, tem um cacique, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, que controla parte relevante dos cargos públicos da gestão Nunes e diz a aliados que não há chances de embarcar em qualquer projeto que não seja a reeleição.
O deputado, porém, tem apoio de dirigentes nacionais da legenda, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que tentam enfraquecer o domínio de Leite sobre a legenda na cidade.
Ricardo Salles
O ex-ministro do Meio Ambiente busca os votos do eleitor bolsonarista da cidade. Ele se apresentou pré-candidato no começo do ano mas, em junho, chegou a se retirar. Com seu partido, o PL, se aproximando de Nunes – e o próprio Bolsonaro mantendo conversas com o atual prefeito – ele se viu isolado no projeto.
As negociações entre Nunes e Bolsonaro, porém, esfriaram diante de negativas do prefeito em abraçar o bolsonarismo (adotando bandeiras do ex-presidente e, mais importante, dando cargos ao grupo na Prefeitura). Por isso, Salles voltou a se articular, dizendo contar, inclusive, com o aval de Bolsonaro.