O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teria dito à Polícia Federal (PF) durante sua delação que Bolsonaro se reuniu com a cúpula das Forças Armadas e ministros no ano passado, com o tema intervenção militar em pauta. A ideia seria impedir a troca de governo.
Na delação, Cid afirmou que participou da reunião, com o então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Filipe Martins. Martins entregou uma suposta minuta de golpe (que previa convocação de novas eleições e prisão de adversários políticos), membros de alta patente das Forças Armadas (FA), um advogado constitucionalista e um padre.
O colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, já tinha adiantado que o representante da ala ideológica, Martins, do Bolsonaro entraria na delação do Cid. As informações foram confirmadas pelo Metrópoles.
Mauro Cid ainda citou nomes, como o almirante da Marinha, Almir Garnier Santos. Ele teria afirmado ao ex-presidente que suas tropas estariam prontas para responder à convocação de Bolsonaro. O comando do Exército, no entanto, não teria concordado.
O almirante Almir é o mesmo que se recusou a comparecer à cerimônia de entrega do cargo ao comandante Marcos Sampaio Olsen, na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O Metrópoles tentou entrar em contato com a defesa do ex-presidente Bolsonaro e do tenente-coronel Mauro Cid, mas ainda não obteve retorno. O espaço para manifestação segue reservado.
Imagem colorida de Mauro Cid ao lado de integrante do Exército, fardado
Mauro Cid no Batalhão de Polícia do Exército
Hugo Barreto/Metrópoles
Mauro Cid no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, onde ficou preso por 4 meses
Cid estava preso desde 3 de maio, por ordem de Alexandre de Moraes
Hugo Barreto/Metrópoles
Cezar Roberto Bitencourt, advogado de Mauro Cid
Bitencourt chegou acompanhado de sua esposa
Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto
Mauro Cid deixa Batalhão de Polícia do Exército
Mauro Cid deixa Batalhão de Polícia do Exército
Hugo Barreto/Metrópoles
Mauro Cid estava preso desde 3 de maio em Brasília
Mauro Cid estava preso desde 3 de maio em Brasília
Hugo Barreto/Metrópoles
Mauro Cid
Mauro Cid deixou o Batalhão do Exército e foi para o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, onde colocou tornozeleira eletrônica
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Mauro Cid
Ministro Moraes suspendeu porte de arma de fogo de Cid e o seu registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC)
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Ministro Alexandre de Moraes ainda determinou apreensão do passaporte de Mauro Cid
Ministro Alexandre de Moraes ainda determinou apreensão do passaporte de Mauro Cid
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Mauro Cid e Bolsonaro
O tenente-coronel está vinculado a três investigações principais, analisadas pela PF: fraude em cartão de vacina da família Bolsonaro, desvio de presentes valiosos em suposto esquema que envolve o ex-presidente, e a articulação para tentar um golpe contra o estado democrático após a derrota de Bolsonaro contra o presidente Lula nas eleições de 2022.
Mauro Cid estava preso desde 3 de maio em Brasília, mas conseguiu o acordo de delação premiada, que foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O militar está afastado de suas funções no Exército. Contudo, mantém seu salário de R$ 27 mil, conforme previsto em lei.
Nas últimas semanas, Cid prestou uma série de depoimentos à Polícia Federal. Cid também prestou depoimento em 28 de agosto, no âmbito do inquérito que apura as ações do hacker Waler Delgatti Neto contra o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Nessa oitiva do ex-ajudante de ordens, a PF apurou se Mauro Cid participou ou se tem informações do encontro e das tratativas que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Nas conversas, os dois teriam discutido um plano para invadir o sistema do CNJ e também para contestar a efetividade do sistema eleitoral.