Ellen Oléria, Marcelo Falcão e Nação Zumbi abriram a primeira noite de shows do festival Consciência Negra 2024, nesta segunda-feira (18), na Torre de TV. Além deles, o primeiro dia do evento teve ainda apresentações de Afoxé Ogum Pá, Filhos de Dona Maria e Patakori + Folha Seca.
“Estou super lisonjeada de estar aqui, de ser parte desse grande encontro, e acho que voltar para casa para falar desses assuntos que nos tocam, nos atravessam é muito importante para nós, a gente estar junto enquanto comunidade. A gente sai de Brasília e as pessoas não entendem muito o que é esse lugar, mas a gente que é daqui sabe, a gente sente Brasília. Então, acho que para a gente é mais um momento de encontro, de fortalecimento, de compreensão da nossa identidade cultural enquanto cidade jovem que somos”, pontuou Ellen Oléria.
O público marcou presença para conferir as atrações. “É maravilhoso a gente na cidade poder contar com um evento tão grandioso, com tantas atrações bacanas, com uma estrutura maravilhosa. O Dia da Consciência Negra merece realmente essa importância toda”, exaltou a professora Fabiana Sabino, que aguardava a banda Nação Zumbi.
Já o jornalista Paulo Matos esperava principalmente pelo ex-Rappa Marcelo Falcão, mas aproveitou também para conferir os artistas locais: “Prestigiar o nosso povo daqui de Brasília, prestigiar nossas bandas, prestigiar essa mistura cultural que a gente tem em Brasília é lindo demais. A gente é uma mistura de essência, de energia, de povo que, se você rodar o país inteiro, você não tem como a gente tem aqui no Distrito Federal”.
O Consciência Negra 2024, um festival de exaltação à cultura afro-brasileira, é promovido pelas secretarias de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) e de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), com apoio da Associação de Educação, Cultura e Economia Criativa (Aecec), do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Ministério do Turismo. O investimento total foi de cerca de R$ 7 milhões.
“É uma grande festa e que tende a crescer e se tornar um marco. Brasília, como capital do país, dá uma uma sinalização muito forte para todos os cantos do Brasil”, destacou o secretário de Cultura e Economia Criativa, Claudio Abrantes. “A expectativa para os shows é a melhor possível. Grandes artistas da nossa música brasileira, da música negra brasileira, mas também grandes expoentes daqui de Brasília. Tem tanta gente boa vindo de fora, mas a gente também tem muita gente boa aqui do nosso quadradinho”, completou.
“A comemoração que vai durar três dias, de muito reconhecimento e defesa da igualdade racial, já pode ser considerada a maior manifestação do Brasil”
Marcela Passamani, secretária de Justiça e Cidadania
“O tamanho do evento, por si só, mostra a relevância do tema da consciência negra, que é de responsabilidade da nossa pasta. A comemoração que vai durar três dias, de muito reconhecimento e defesa da igualdade racial, já pode ser considerada a maior manifestação do Brasil. E é a primeira vez, em 13 anos, que a data de 20 de novembro será comemorada nacionalmente”, reforçou a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani.
O Dia da Consciência Negra foi instituído em 2011, em memória de Zumbi dos Palmares, importante líder quilombola, assassinado em 20 de novembro de 1695, mas só foi oficializado como feriado nacional em dezembro do ano passado. No DF — onde 57,3% da população se autodeclara negra, segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) —, a data vinha sendo considerada ponto facultativo desde 2019.
Oficinas e palestras
Antes dos shows, durante a tarde, o evento recebeu estudantes da rede pública para oficinas, palestras e uma visita guiada pela estrutura montada no local, que conta com exposições, gastronomia, feira de artesanato e moda, e espaço para crianças. “Nós tiramos esse dia para vir aqui nesse evento e eu estou achando super especial, porque eu acho que é um momento para demonstrar, não só para nós, mas para toda a escola e para todas as pessoas, que nós somos importantes. Também estou bem feliz que agora [o Dia da Consciência Negra] vai ser feriado, então acho que a gente ganhou ali mais um reconhecimento”, celebrou Ana Beatriz Souza, 15 anos, aluna do Centro de Ensino Médio (CEM) 123 de Samambaia. “É bom mostrar que a gente tem nossos valores”, emendou Diego Cardoso, 15, também do CEM 123.
“É importante falar do povo negro, é importante nós termos aqui um espaço em que eles estejam presentes e que a população conheça a cultura, a história e, o mais importante, o combate ao racismo. Não é possível que nós até hoje tenhamos que discutir a importância de se combater o racismo sendo que todos somos iguais”, apontou o subsecretário de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial da Sejus, Juvenal Araújo Júnior. “Nós temos aqui adolescentes que estão tendo palestras, nós chamamos de letramento racial — explicar sobre o racismo e a importância de combatê-lo. Um público de adolescentes, para nós, é primordial, porque são eles realmente que começam a discutir a necessidade de que nós não tenhamos racismo nas escolas”, acrescentou.
Mais cedo, também nesta segunda, estudantes participaram de uma palestra com o cantor Toni Garrido. A programação do Consciência Negra segue até a próxima quarta-feira (20). Nesta terça (19), pela manhã, haverá uma oficina de breaking dance. Na parte musical, entre as atrações da terça estão Dhi Ribeiro, Seu Jorge e Raça Negra. Já na quarta, será a vez de Olodum, Vanessa da Mata e Tribo da Periferia. Todas as atividades são gratuitas, mas, para os shows, é preciso retirar o ingresso antecipado na plataforma Sympla.