
Com orientação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), a produtora rural Raimunda Ribeiro Pessoa teve acesso ao Fomento Mulher em 2024, recurso que possibilitou a construção de duas estufas para produção de suculentas, hoje sua principal fonte de renda. Ano passado, a Emater-DF auxiliou na implantação de 412 projetos de fomento, totalizando R$ 5.496.000 em recursos liberados. Destinados a impulsionar novas atividades produtivas no meio rural, esses investimentos são viabilizados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e conduzidos com a orientação da Emater-DF. Para Raimunda, esse apoio representou a realização de um grande sonho.
“Era meu sonho ter minha casa e viver da minha produção e não depender de ninguém”, diz Raimunda Ribeiro Pessoa, que realizou esse sonho com apoio das orientações da Emater-DF | Foto: Divulgação/Emater-DF
Moradora do assentamento 1º de Julho, em São Sebastião, há quase 10 anos, Raimunda veio do Piauí na década de 1990, acompanhada dos três filhos, em busca de trabalho. Com o tempo, os filhos cresceram, constituíram suas famílias e ela decidiu investir no desejo de conquistar sua casa e viver da própria produção.
“Quando eu cheguei aqui não tinha nada, era a terra vazia. A primeira coisa que eu fiz foi um barraco todo de madeirite”, disse a produtora, que construiu seu espaço aos poucos, enquanto trabalhava como empregada doméstica e cuidadora de idosos na área urbana. Sem transporte, saía de casa às 4h30 da manhã e caminhava até São Sebastião. Na volta, refazia o trajeto na escuridão. “Eu cuidava da casa dos outros e a minha casa e as minhas coisas ficavam jogadas, porque eu não tinha tempo de cuidar. Sempre tive vontade de viver da minha chácara”, conta. Atualmente, a comercialização de plantas e suculentas proporciona a realização desse sonho.
“O foco desse recurso é prover a segurança alimentar e nutricional para a família, e possibilitar a geração de renda com a implantação de um projeto produtivo, sem a necessidade da família reembolsar esse recurso, por isso é um fomento e não uma linha de crédito”
Sheila Nunes, gerente de Desenvolvimento Sócio Familiar da Emater-DF
Fomento Mulher: incentivo e autonomia
“O fomento é um recurso que vem assistir à família em suas necessidades básicas e tem o objetivo de iniciar a instalação de ações produtivas na propriedade, sem necessariamente dar um retorno financeiro”, explica a gerente de Desenvolvimento Sócio Familiar da Emater-DF, Sheila Nunes. “O foco desse recurso é prover a segurança alimentar e nutricional para a família, e possibilitar a geração de renda com a implantação de um projeto produtivo, sem a necessidade da família reembolsar esse recurso, por isso é um fomento e não uma linha de crédito”, explica.
Em 2024 a Emater-DF orientou a implantação de 275 fomentos produtivos e 137 fomentos Mulher. Esse último é exclusivo para mulheres titulares da propriedade, como Raimunda. Foi pouco antes da pandemia que a Emater-DF a incentivou a comercializar as plantas que tanto gostava de cultivar. Em 2020, com o isolamento social, ela deixou de trabalhar em casas de família e começou a produzir mudas de frutas, suculentas e plantas ornamentais. Mesmo com pouca água disponível, encontrou na venda das mudas uma alternativa para se sustentar.
“Durante nossas visitas, percebemos que a Raimunda já cultivava suculentas, mas ainda de forma muito limitada. Realizamos alguns cursos com ela e passamos a acompanhar a atividade mais de perto. Com isso, ela começou a produzir com mais profissionalismo e levar as suculentas para a feira, junto com outros produtos da chácara”, explica Maíra Andrade, engenheira agrônoma da Emater-DF que acompanha a produtora. “Esse avanço permitiu que ela deixasse o trabalho fora da propriedade e passasse a viver exclusivamente da sua produção. Ficamos muito felizes com essa conquista”, comemora.
A realização de começar a se sustentar do que produzia fez Raimunda pegar gosto pela atividade. Hoje ela leva tudo o que estiver disponível em sua chácara, como acerola, abacate, manga e, principalmente, suculentas, que é o carro-chefe de suas vendas. Em novembro de 2023, a produtora teve acesso ao Fomento Inicial, que investiu na construção de um poço semiartesiano para viabilizar a produção de suas plantas. Em 2024 recebeu o Fomento Mulher, que ela investiu no fechamento de duas estufas de 5 m x 6 m, onde ela tem organizado sua produção de suculentas.
Atualmente, além do investimento feito com o recurso do Incra e da assistência tradicional da Emater-DF, Raimunda faz parte do projeto Florescer, que leva Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) continuada com a presença da coordenação do programa de floricultura da empresa e faz um acompanhamento mais frequente da atividade, com o objetivo de profissionalizar a produção.
“Eu me sinto bem e realizada. Era meu sonho ter minha casa e viver da minha produção e não depender de ninguém. Graças a Deus hoje não tenho mais aquela preocupação de sair cedo, às vezes sem hora pra voltar, e deixar as minhas coisas para trás. Hoje meu sustento vem da minha terra”, comemora Raimunda.
*Com informações da Emater-DF