Há exatos 31 dias, o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, anunciou que Lula decidiu nomear os deputados André Fufuca (MA), líder do PP na Câmara, e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para ministérios do seu governo.
Quais ministérios? Bem, Lula não disse, mas em breve diria. Fufuca e Costa Filho celebraram o anúncio com prudente sobriedade e uma ponta de desconfiança; desde então esperam ser chamados para ouvir o convite da boca do próprio presidente.
Diz-se mais uma vez que a hora chegou e que poderá ser hoje – a conferir. E que Fufuca irá para o Ministério do Esporte no lugar de Ana Moser, e Costa Filho para o Ministério dos Portos e Aeroportos, de onde será desalojado Márcio França (PSB-SP).
França não quer sair de lá, nem seu partido quer que ele saia. Lula chegou a admitir a criação de mais um ministério, o das Pequenas e Microempresas, só para abrigar França, que recusou. O Centrão tem pressa em entrar no governo; Lula é o senhor do tempo.
Se a hora atrasar novamente, poderá ficar para amanhã. Dificilmente ficará para quinta-feira, dia do desfile militar de 7/9 e do embarque de Lula para mais uma viagem internacional – desta vez à Índia, onde assumirá a presidência rotativa do G-20.
Faltavam alguns arranjos. A presidência da Caixa Econômica Federal caberá também ao PP, partido de Arthur Lira (AL), presidente da Câmara, e do senador Ciro Nogueira (PI), ex-chefe da Casa Civil da Presidência na etapa final do governo Bolsonaro.
A Caixa tem 12 diretorias, e Lira faz questão que todas sejam ocupadas por nomes indicados pelo PP. O PT de Lula quer continuar com duas delas. Está nas mãos de Lula bater o martelo e acabar com a novela que já perdeu sua graça.
Ela arrastou-se até aqui obedecendo a um cálculo de Lula, e não por pura indecisão dele. Se Lula tivesse cedido logo às pressões, teria pagado um preço mais caro em número de cargos. Daí porque bateu o pé e resistiu o mais que pôde.
De resto, seria acusado de praticar a política do toma-lá-dá-cá, uma vez que no Congresso não dispõe de uma base confortável de votos para aprovar os projetos do governo. Lula normalizou a aceitação do Centrão como seu novo companheiro de luta.
E baixou o facho de Lira, tido e havido no início do governo como uma espécie de primeiro-ministro. Lira ainda pode muito, mas cada vez menos. Seu mandato como presidente da Câmara termina em janeiro de 2025 e ele não poderá renová-lo. Voltará à planície.
O mandato de Lula termina em janeiro de 2027 e ele poderá se reeleger. A estrela de Lira não se apagará de todo, a de Lula, a depender do desempenho do governo, não perderá o brilho. A peleja que os dois travam tem um vencedor, e não é Lira.