O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (EUA) acusou, nesta segunda-feira (4/12), um ex-embaixador do país de ter praticado espionagem por décadas a serviço de Cuba.
Victor Manuel Rocha, 73, ex-enviado dos EUA à Bolívia, teria trabalhado secretamente para Cuba. Segundo os promotores, as décadas de serviço dele em Havana (capital cubana) “fortaleceram a revolução (cubana)”.
O caso é considerado pela pelas autoridades como “uma das infiltrações de maior alcance e mais duradouras no governo dos Estados Unidos por um agente estrangeiro”. Segundo a acusação, Rocha teria agido em nome do país sul-americano desde 1981 até agora.
O ex-diplomata pode ter cometido ao menos os crimes de atuar como agente ilegal de uma gestão estrangeira e operar como intermediário estrangeiro para enganar os Estados Unidos. Além disso, ele teria utilizado passaporte obtido com declaração falsa para transitar entre os países.
Um investigador disfarçado descobriu a ação do suspeito depois de entrar em contato com ele via Whatsapp, em novembro de 2022. O homem se identificou apenas como “Miguel”, disse ter “uma mensagem dos amigos de Havana” e perguntou se o ex-embaixador estava disponível para uma ligação.
Os dois então realizaram reuniões em 16 de novembro de 2022 e 17 de fevereiro deste ano. No último telefonema, ex-dilpomata se gabou da lealdade a Cuba e até se exaltou quando foi indagado sobre isso. Ele teria afirmado que a pergunta se comparava a “questionar minha masculinidade”.
Ao longo da conversa, ele se referiu ao país norte-americano de “o inimigo” e reafirmado os esforços “meticulosos” e “disciplinados” realizados para se infiltrar na administração estadunidense.
À imprensa, o promotor Garland demonstrou incisivo repúdio às ações do acusado e reiterou a busca por punição aos atos de Rocha. “Aqueles que têm o privilégio de servir no governo dos Estados Unidos recebem uma enorme confiança dos cidadãos. Trair isso, ao jurar falsamente lealdade, enquanto serve uma potência estrangeira, é um crime que será enfrentado com toda a força pelo Departamento de Justiça”.
O ex-diplomata não se manifestou.