Em 2022, a economia o Brasil enfrentou sérios prejuízos decorrentes do crime de pirataria. Segundo o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), os danos aos cofres públicos naquele anos ultrapassaram R$ 410 bilhões, considerando impostos não arrecadados e perdas em 14 setores produtivos.
O assunto, preocupante, está bastante em evidência: neste domingo (3/12) é comemorado o Dia Nacional de Combate à Pirataria.
O setor de vestuário lidera as perdas no mercado ilegal, alcançando impressionantes R$ 84 bilhões. Outros segmentos afetados incluem bebidas alcoólicas, combustíveis, cosméticos, higiene pessoal e cigarros.
Conforme apontado pelo levantamento do FNPC, o mercado ilegal registrou a evasão de R$ 129,2 bilhões em impostos. Essa estimativa se baseia nos percentuais tributários aplicados a cada produto.
Campeão do contrabando
Um exemplo é o setor de cigarros, sujeito a taxações que podem atingir 90%, variando de acordo com o estado. Esse produto ganha a indesejada classificação de “campeão do contrabando” no Brasil. O relatório anual da Receita Federal revela que aproximadamente 162 milhões de maços de cigarros foram apreendidos ao longo de 2022.
Em termos financeiros, a movimentação gerada pelo mercado ilegal de cigarros no ano passado totalizou R$ 10,4 bilhões. Esse montante, embora significativo, fica abaixo do registrado por outras mercadorias no mesmo cenário.
Prejuízos da pirataria
A pirataria impacta significativamente a economia brasileira, resultando em perdas expressivas de arrecadação tributária e prejudicando diversos setores comerciais. O país enfrenta uma considerável evasão fiscal, com o mercado ilegal contribuindo para a não arrecadação de bilhões de reais em impostos.
Esse cenário compromete os recursos que poderiam ser direcionados para investimentos em infraestrutura, saúde, educação e outros setores essenciais.
Segundo o economista Luciano Bravo, a pirataria contribui para a proliferação do mercado informal, impactando negativamente a concorrência leal entre empresas.
“A pirataria contribui para a informalidade pelo simples fato de vender produtos mais baratos, prejudicando diretamente a arrecadação do país e fazendo com que empresas legítimas não consigam aumentar suas vendas”, explica.
A prática não apenas prejudica a reputação de empresas que investem em qualidade e conformidade, mas também cria um ciclo que perpetua a informalidade, prejudicando a economia formal e a imagem do Brasil no cenário internacional. O economista ainda afirma que a conscientização e políticas públicas são fundamentais para possibilitar a redução na pirataria.
“A sustentabilidade do mercado vem com a conscientização e um trabalho de longo prazo do próprio mercado. O que contribui com a sustentabilidade da cadeia produtiva. A pirataria só é forte devido à desigualdade social, que com certeza pode ser minimizada com programas sociais e apoio entre setor público e privado”, pontua.
“Os desafios são enormes pois o estado não tem um efetivo suficiente para combater todo este grande esquema de pirataria. O governo precisa ser criativo para tentar minimizar este aspecto. Deveríamos ter também sanções para quem comercializa produtos piratas “, diz.
Pirataria é crime
Do ponto de vista jurídico, praticar pirataria no Brasil não é apenas um ato contra a economia, mas também um crime sujeito a penalidades. A legislação vigente prevê pena de detenção, que pode variar de 3 meses a 4 anos, além de multas para os envolvidos, seja na produção ou comercialização de produtos piratas.
Os consumidores também podem sofrer consequências, especialmente se comprovado o conhecimento da natureza ilegal do item. Quem consome e compra produtos pirateados pode responder por interceptação e sofrer pena de até um ano de prisão, além de multa.
deic perfumes _resized_compressed
Agentes apreendem perfumes falsificados em SP
Deic/Divulgação
Policiais em operação contra casal acusado de pirataria na transmissão de jogos de futebol
Policiais em operação contra casal acusado de pirataria na transmissão de jogos de futebol em Alagoas.
Polícia Civil/AL/Reprodução
roupas falsificadas-pirataria-SP-polícia-4
Policiais civis de SP fecharam quatro fábricas de roupas falsificadas e apreenderam mais de 100 mil peças na cidade de Potim.
Reprodução
Screenshot_2Operação contra pirataria de videogames
Polícia Civil faz operação contra pirataria de videogames em SP.
PCSP
0
“Embora o foco principal da legislação seja punir os distribuidores de conteúdo pirata, os compradores também podem enfrentar penalidades. No entanto, na prática, é raro que consumidores individuais sejam processados, com a atenção sendo mais voltada para os distribuidores e vendedores”, explica o advogado Mozar Carvalho, sócio fundador do escritório Machado de Carvalho Advocacia.
Berlinque Cantelmo, advogado criminalista, afirma que as leis contra a pirataria visam proteger os direitos dos criadores e desencorajar a prática da pirataria, mas ainda é um desafio fazer cumprir essas penalidades de forma eficaz.
“É comum que os responsáveis por este tipo de crime recebam punições mais brandas ou respondam ao processo em liberdade”, diz o advogado.
Cantelmo ainda alerta que aqueles que se sintam lesados por qualquer tipo de pirataria devem imediatamente registrar o fato, buscar resguardo junto aos órgãos policiais e de investigação ou até mesmo da justiça por meio de intervenções pertinentes através de um advogado.