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Secretária de Tarcísio vira arma bolsonarista contra aliança com Nunes

São Paulo – Enquanto Jair Bolsonaro (PL) demonstra insatisfação com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), que querem seu apoio mas relutam em lhe abrir espaço em seus governos ou defender suas bandeiras, aliados mais próximos do ex-presidente passaram a atuar nos bastidores para tentar minar a aliança eleitoral já firmada pela dupla para o ano vem.

A aliança, que ainda não foi objeto de uma declaração oficial, está costurada desde o início do segundo semestre entre Tarcísio e Nunes. Ela inclui garantir a preferência ao governador na escolha para o vice de Nunes no ano que vem – nome que poderia ser do Republicanos, seu partido, ou de uma legenda aliada.

Entretanto, diante da insatisfação de Bolsonaro com ambos, e como esse acordo foi firmado sem participação do ex-presidente, os bolsonaristas passaram a agir nas últimas semanas para tumultuar o processo e tentar impor, a Nunes e Tarcísio, um nome ligado ao grupo para o posto. Nesta semana, os bolsonaristas passaram a ventilar o nome da secretária da Mulher de Tarcísio, Sonaira Fernandes, para o cargo – nome que nenhum dos dois vê com empolgação.

Sonaira já foi funcionária do gabinete do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), terceiro filho do ex-presidente, e é leal escudeira do chefe. Ao mesmo tempo, ela é filiada não ao PL de Bolsonaro, mas sim ao Republicanos de Tarcísio. Dessa forma, vetá-la seria um constrangimento duplo para Tarcísio.

A secretária, porém, não goza de privilégios no Palácio dos Bandeirantes e, nos bastidores, é constante alvo de fogo amigo por dificuldades de implementar seus projetos.

Quando são confrontados com esses fatos, os auxiliares mais diretos do governador costumam colocar panos quentes, afirmando que sua Pasta, criada por Tarcísio, nasceu sem um orçamento adequado, o que só será corrigido no ano que vem.

Já na Prefeitura, o nome de Sonaira também tem várias ressalvas, segundo um dos auxiliares do Prefeito. Na passagem dela pela Câmara Municipal da capital, entre 2020 e 2022, Sonaira não conseguiu construir pontes com a política paulista, e com os aliados de Nunes, diante de seu radicalismo.

Bolsonaristas versus Nunes e Tarcísio

As origens do descontentamento de bolsonaristas com Tarcísio e Nunes é parecida. Tarcísio foi eleito com apoio do ex-presidente e, embora seu discurso seja de alinhamento, fidelidade e gratidão a Bolsonaro, na prática os auxiliares do ex-presidente veem no governador uma “unidade bolsonarista seletiva”, que se torna púbica em bandeiras que são vantajosas, como intolerância ao crime, mas que é abandonada caso a pauta da vez não seja favorável, como o apoio à reforma tributária capitaneada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT).

Postagem do advogado Fabio Wajngarten no X

Com Nunes, a natureza da irritação é semelhante. O cálculo político que o prefeito da capital fez, logo após as eleições presidenciais do ano passado, era que ele precisaria do apoio de Bolsonaro para unir o centro e a direita e enfrentar o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que tem apoio do presidente Lula (PT).

Porém, quando as conversas entre ambos começaram, os sinais de Nunes ao grupo do ex-presidente foram que a Prefeitura – e seu orçamento de R$ 110 bilhões – não estavam abertos os bolsonaristas. Para complementar, a maioria dos aliados políticos do prefeito na cidade, oriundos do governo de Bruno Covas, do PSDB, fizeram oposição do governo do ex-presidente, especialmente pela postura negacionista de Bolsonaro na pandemia de Covid-19.

Vice da segurança

O primeiro nome ventilado por Tarcísio a Nunes para o posto de vice de Nunes foi o do delegado Oswaldo Nico Gonçalves, secretário-executivo da Polícia Civil da Secretaria Estadual da Segurança Pública. Figura carimbada dos programas policialescos da TV, Nico foi alçado ao posto diante da avaliação que Nunes precisaria de um nome ligado à segurança pública em sua chapa.

Entre os auxiliares mais próximos do prefeito, o nome foi bem aceito, embora ainda haja dúvidas de que a segurança pública, apontada como principal preocupação do paulistano nas pesquisas internas do MDB, ainda esteja no topo da lista até outubro do ano que vem – historicamente, é a Saúde a campeã de críticas.

Contudo, a equipe de Nunes afirma, nos bastidores, que, embora o apoio de Tarcísio – e da máquina pública estadual – tenha um peso maior do que o de qualquer outro aliado para a campanha do ano que vem, o nome que o governador indicar terá de contar com o apoio do PSDB (que ameaça rachar diante do apoio ou não a Nunes), do União Brasil (em especial, do dono da legenda na cidade, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite) e até dos caciques do PL, Valdemar Costa Neto, e do Republicanos, Marcos Monteiro.

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