O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, visitou nesta sexta-feira (20/10) a passagem de Rafah, que divide a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito. “Impossível estar aqui e não ficar de coração partido”, afirmou à imprensa.
O secretário secretário-geral adjunto das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários e Coordenador da Ajuda de Emergência, Martin Griffiths, ainda adiantou que a ajuda humanitária não chegará à Faixa de Gaza antes deste sábado (21/10). “Uma primeira entrega deve começar amanhã [sábado] ou próximo disto”, adiantou Griffiths.
“São dois milhões de pessoas que passam por dificuldades, sem comida, sem remédios. (…) Esses caminhões não são apenas caminhões, mas diferenciam a vida da morte, e precisamos passar a maior quantidade possível [deles]”, afirmou Guterres.
Suprimentos de socorro enviados pelo governo paquistanês aos palestinos estão no Aeroporto Internacional de El Arish, prontos para serem enviados através da passagem de fronteira de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza
Suprimentos de socorro enviados pelo governo paquistanês aos palestinos estão no Aeroporto Internacional de El Arish, prontos para serem enviados através da passagem de fronteira de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza
Photo by Gehad Hamdy/picture alliance via Getty Images
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, inspeciona suprimentos de socorro dos Emirados Árabes Unidos no Aeroporto Internacional de El Arish, antes de sua visita à passagem de fronteira de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, inspeciona suprimentos de socorro dos Emirados Árabes Unidos no Aeroporto Internacional de El Arish, antes de sua visita à passagem de fronteira de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza
Gehad Hamdy/picture alliance via Getty Images
António Guterres, Secretário-Geral da ONU, fala durante uma conferência de imprensa em frente à passagem da fronteira de Rafah
António Guterres, Secretário-Geral da ONU, fala durante uma conferência de imprensa em frente à passagem da fronteira de Rafah
Mahmoud Khaled/Getty Images
Israeli airstrikes continue on the 14th day in Gaza
Fumaça sobre a cidade de Gaza
Saeed Qaq/Anadolu via Getty Images
Israeli airstrikes demolish a mosque in Gaza
Mesquita Al-Abba após bombardeio
Ali Jadallah/Anadolu Agency via Getty Images
Al Nuseirat bakery 2 (depois) – Getty Images
Padaria Al Nuseirat após ser atingida por bomba.
Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images
Aftermath of the strike hit Al-Ahli Baptist Hospital in Gaza
Entrada do hospital Al-Ahli Arab após bomba
Ali Jadallah/Anadolu via Getty Images
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ONU fala da necessidade de 2 mil caminhões
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, afirmou que o necessário é, na verdade, em torno de 2 mil caminhões para fornecer a ajuda humanitária equivalente a proporção das necessidades dos palestinos. O Egito removeu, nesta manhã, os blocos de concreto que eram utilizados para cercear a fronteira com a Faixa de Gaza, de acordo com fontes da Agência AFP.
As falas dos secretários foram proferidas durante discurso nesta sexta-feira (20/10), em Geneva. Guterres, inclusive, está na região desde quinta-feira (19/10), por conta de uma reunião organizada pelo presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, para enfrentar a crise de violência na região, devido ao conflito entre Israel e o grupo Hamas, que se estende desde o sábado (7/10). Também participa da reunião o ministro das Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não irá participar, ainda que por videoconferência, desta reunião.
Ataque terrestre a Gaza
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou na quinta-feira que um ataque terrestre a Gaza virá em breve. O ministro da Economia de Israel, Nir Barkat, corroborou a informação ao dizer que o exército israelense tem “sinal verde” para invadir a Faixa de Gaza quando estiver pronto. “Quem vê Gaza de longe agora verá de dentro. Eu prometo. A ordem virá”, apontou Gallant.
Os mais de 2 milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, nesse contexto, seguem entregues a uma guerra sem horizonte de fim. O número de palestinos mortos subiu para 3.785 nesta quinta-feira (19/10), de acordo com informações do Ministério da Saúde de Gaza. Até a quarta-feira (18/10), a quantidade de pessoas que perderam a vida era de 3.540. Com os dados de falecidos em Israel, o total de mortos chega a 5,1 mil.
Juntos, o número de feridos passa de 17,7 mil, mais de 12 mil sendo palestinos, e durante a semana metade dos óbitos na Faixa de Gaza eram de mulheres e crianças. A Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) ainda afirmou que ao menos 340 mil habitantes estão desabrigados na região em detrimento do conflito entre Israel e Hamas, e 2,4 milhões estão na situação de “deslocados”.
As autoridades de Israel ainda não divulgaram um número atualizado, com o último recorte oficial sendo de 1,4 mil mortes até agora. Dessas, 306 são de soldados.
O número de pessoas feitas reféns pelo Hamas aumentou, tendo passado para 203.
Diplomacia
De acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, a decisão de permitir ajuda limitada a partir do Egito foi tomada após um pedido formal do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em visita a Israel.
No entanto, o governo tenta, desde semana passada, dialogar o cessar-fogo para conseguir repatriar os brasileiros “ilhados” na Faixa de Gaza. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou, entre sexta-feira (13/10) e sábado (14/10), negociar diretamente com os presidentes de Israel, Isaac Herzog, do Egito, Abdul Fatah al-Sisi, e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
No domingo (15/10), os esforços pareciam ter tido resultado. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, havia afirmado que ficou acordado que a passagem de Rafah será reaberta, após reunião com o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, no Cairo. Contudo, isso não se concretizou na previsão estipulada, da última segunda-feira (16/10).
Após dias de negociação e consternação de diversos chefes globais, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) votou a minuta brasileira de resolução que poderia frear o conflito entre Israel e Hamas. O texto, no entanto, não passou – foi vetado pelos Estados Unidos (EUA), na última quarta-feira (17/10). Agora, uma perspectiva pacífica está mais distante no horizonte.
O governo federal já repatriou mais de 1,1 mil pessoas, tendo encerrado a primeira fase da maior operação já realizada pelo país em uma zona de conflito. Ao todo, já saíram de Israel para o Brasil em voos da Força Aérea Brasileira (FAB) 1.135 cidadãos brasileiros. O resgate, batizado Operação Voltando em Paz, começou logo após a declaração de guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas. Faltam, agora, os brasileiros que estão na Faixa de Gaza – impedidos de chegar à passagem de Rafah devido ao conflito.