A Americanas, que está em recuperação judicial e vive a maior crise de sua história, detalhou na terça-feira (10/10), por meio de um comunicado ao mercado, sua mais recente proposta apresentada aos credores.
Segundo a varejista, a proposta contempla um aumento de capital de curto prazo, em dinheiro, no valor de R$ 12 bilhões, por parte do trio de acionistas de referência da companhia, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
O acordo ainda prevê a capitalização da dívida concursal por parte dos credores, também no valor de R$ 12 bilhões, e a emissão de nova dívida para o refinanciamento de parte das dívidas concursais existentes, no valor de R$ 1,875 bilhão.
Por fim, o acordo envolveria R$ 8,7 bilhões, em dinheiro, destinados à recompra antecipada de dívida com desconto.
“A companhia segue empenhada nas negociações destes termos com seus credores financeiros, em busca de uma solução sustentada que permita a continuidade de suas atividades”, diz o fato relevante assinado pela diretora financeira e de Relações com Investidores, Camille Loyo Faria.
No início deste ano, veio à tona um rombo contábil bilionário nos balanços financeiros da Americanas, estimado inicialmente em R$ 20 bilhões. Recentemente, a CPI da Câmara dos Deputados que investigou o episódio chegou ao fim sem apontar os responsáveis pela possível fraude. O caso também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal.
Mais R$ 500 milhões de trio de acionistas
Na semana passada, como noticiado pelo Metrópoles, a Americanas anunciou, também por meio de um fato relevante, que vai sacar mais R$ 500,6 milhões da linha de financiamento que obteve junto aos acionistas de referência da varejista, Lemann, Sicupira e Telles.
Em fevereiro, a Justiça autorizou que os três acionistas fizessem empréstimos de até R$ 2 bilhões para manter a operação da companhia. A empresa já havia utilizado R$ 1 bilhão desses recursos. Agora, os saques somam três quartos do total.
Esse tipo de crédito, chamado de “debtor-in-possession” (DIP), é destinado a companhias em recuperação judicial. É usado para manter e dar liquidez a empresas nessa situação. Por isso, ele teve de ser aprovado pela 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, onde corre a recuperação judicial da varejista.
A venda de ativos seria outra forma que a Americanas teria para obter recursos. Mas essa não é uma solução simples. Tanto é assim que a companhia decidiu suspender a busca por interessados na compra de sua participação no Grupo Uni.co, dono de marcas como Puket e Imaginarium. De acordo com a empresa, “as condições comerciais propostas” não refletiram o “real valor” do Uni.co.