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PL de Bolsonaro paga R$ 150 mil a ex-ghost writer de Delúbio do PT

São Paulo – Amigo de longa data de petistas envolvidos no escândalo do mensalão e ex-ghost writer do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o publicitário Ruy Nogueira Netto recebeu R$ 150 mil do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, com recursos do fundo partidário.

O PL silenciou sobre o motivo da contratação e a respeito da função desempenhada por Nogueira Netto. Na prestação de contas parcial da legenda, consta uma descrição genérica: “serviços técnicos-profissionais”.

Os pagamentos são de março de 2023, e não há, ainda, comprovantes da prestação de contas – o partido tem até abril do ano que vem para entregá-los em caso de serviços prestados neste ano.

Nogueira Netto afirma ser de “esquerda” e avesso ao bolsonarismo, mas diz ser amigo de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. A história contada pelo publicitário para receber os R$ 150 mil parte da camaradagem com Valdemar.

Me foi pago mas eu também o faria de graça pela ligação que eu tinha com o Álvaro Valle [fundador do PL, morto em 2000]. Politicamente, eu e o Valdemar fomos amigos e irmãos”, afirma. 

Diz ele que, enquanto reformava seu apartamento no ano passado, acabou achando um retrato do ex-deputado Álvaro Valle, cujo nome foi usado para batizar a fundação ligada à legenda. Levou a Valdemar para doar a obra, assinada por um artista renomado, ao partido.

Ele [Valdemar] ficou muito emocionado, levou, botou na sede do partido em Brasília. Depois, me ligou. Disse: Ruy, você foi apresentado a mim pelo Álvaro, nós dois fomos amigos íntimos dele, você não quer dar umas aulas na Fundação Álvaro Valle?”, diz.

A fundação mantida pelo PL

O Instituto Álvaro Valle, fundação mantida pelo partido, funciona de forma quase fantasma para turbinar o caixa da sigla e em 2022 promoveu palestras sobre temas como direito eleitoral e prestação de contas.

As aulas, segundo o publicitário, eram de formação política para candidatos do partido. “Preparamos candidatos na eleição passada sobre história do Brasil e internacional. Para quem estivesse na sede do partido, havia esse curso”, afirma.

Nogueira Netto diz ter prestado também uma “consultoria” em comunicação para o partido e sua fundação. Parte da “consultoria” envolvia a confecção de relatórios semanais com “avaliação do cenário político”. 

Nogueira Netto diz que o período do contrato foi de cinco meses e acabou em maio deste ano – mesmo envolvendo a formação de políticos para as eleições de 2022. Questionado sobre a contradição, ele não respondeu.

Ghost writer de Delúbio

Em 2012, meses antes do início do julgamento do mensalão, o publicitário operava as redes sociais de Delúbio Soares como se fosse o próprio petista – prática conhecida como ghost writer, na qual o escritor elabora textos em nome de terceiros sem receber os créditos. Delúbio acabou condenado e foi preso no ano seguinte.

Este não é seu único elo com o PT. Ruy também é amigo de José Dirceu e, na campanha da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2010, fontes no partido afirmaram à BBC que em seu apartamento funcionários das redes sociais da campanha da petista operavam perfis falsos para rebater a campanha do então adversário José Serra (PSDB).

Fontes do PT também afirmam ao Metrópoles que ele deu uma ajudinha na campanha petista. Ele nega, e diz que apenas recebeu em seu apartamento candidatos à vaga de assessores da campanha a pedido de Marco Aurélio Garcia, então coordenador da campanha petista. “O Marco Aurélio Garcia era muito amigo meu, estava na minha casa almoçando comigo, e disse: posso receber três pessoas aqui? Eu disse: posso, sim”, diz. 

“Para o PT eu nunca trabalhei. Nunca prestei serviços, nunca assinei contrato, eu sou amigo do Zé Dirceu, do Delúbio, e eles são amigos do Valdemar. Uma amizade que continua até hoje. O Valdemar é respeitadíssimo no PT. Eu voto na esquerda, mas nunca tive contrato com o PT”, alega. 

Em 2011, Nogueira Netto chegou a ter sua prisão decretada em uma operação do Ministério Público do Paraná. Ele foi acusado de integrar um esquema de propinas na área da Saúde em Londrina. Na cidade, ele fez a campanha vencedora do prefeito petista, também denunciado, contra o PSDB. O processo tramita em sigilo.

Na esfera civil, em primeira instância, o publicitário foi condenado por improbidade administrativa. Ele afirma que o promotor responsável pelo caso era tucano e usou a investigação como vingança. Cabe recurso e nenhum processo tem trânsito em julgado.

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