Brasília e Nova York – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reúnem-se na tarde desta quarta-feira (20/9) em Nova York, nos Estados Unidos. Esta é a primeira reunião presencial entre os dois líderes desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Zelensky chegou por volta das 16h15 (17h15 em Brasília) ao hotel acompanhado do chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, para encontro a portas fechadas com Lula.
O mandatário brasileiro está acompanhado do chanceler Mauro Vieira, do assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, e do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.
Os dois chefes de Estado têm divergências sobre o caminho para a solução da guerra que a Rússia impõe à Ucrânia. Em posicionamentos anteriores, Lula fez declarações que geraram incômodo em Kiev, por exemplo, ao dizer que quando “um não quer, dois não brigam”, e acusar nações ocidentais que ajudam a Ucrânia de contribuírem para prolongar o conflito.
Desde que assumiu o governo, o petista tem mantido o tradicional posicionamento brasileiro de neutralidade em meio à guerra.
Apesar de condenar a invasão da Ucrânia, Lula evita tecer críticas mais duras ao país liderado por Vladmir Putin, também negou a venda de equipamento militar para os ucranianos e não apoia as sanções econômicas contra a Rússia.
Lula falou da incapacidade dos países da ONU em resolver o conflito entre Ucrânia e Rússia
Ele também citou a incapacidade dos países da ONU em resolver o conflito entre Ucrânia e Rússia
Ricardo Stuckert/PR
Lula falou sobre desigualdade em discurso na ONU
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Ricardo Stuckert/PR
Lula discursa na ONU
Lula discursa na ONU
Sam Pancher/Metrópoles
Em seu discurso na ONU, Lula falou sobre matriz energética, Amazônia, Ucrânia e desigualdade
Em seu discurso na ONU, Lula falou sobre matriz energética, Amazônia, Ucrânia e desigualdade
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Biden e Lula
Reunião bilateral entre Lula e Biden
Ricardo Stuckert/PR
Olaf Scholz e Lula
Petista aproveita viagem a NY para reuniões bilaterais com chefes de Estado. Na foto, Lula e Olaf Scholz, da Alemanha
Ricardo Stuckert/PR
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Para Zelensky, Lula poderia fazer mais pelo fim do conflito. O ucraniano tentou a primeira reunião presencial com Lula em maio, no Japão, quando os dois estiveram presentes como convidados na cúpula de chefes de Estado do G7.
Na época, o governo brasileiro demorou a responder aos ucranianos e, quando tentou confirmar, Zelensky alegou que já não tinha disponibilidade em sua agenda.
Desconforto diplomático
Antes, em março, os dois chegaram a conversar, mas por videoconferência. Zelensky convidou Lula para uma visita a Kiev, e o brasileiro respondeu que gostaria de fazer isso “em um momento adequado”.
O governo brasileiro, então, enviou à Ucrânia o assessor especial para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, que foi recebido por Zelensky. Vale lembrar que Amorim também fez uma visita a Moscou, semanas antes de desembarcar no território vizinho.
Os piores momentos da relação entre os presidentes do Brasil e da Ucrânia aconteceram em maio, quando Lula disse que Zelensky e Putin tinham a mesma culpa pela guerra, e em agosto, quando o ucraniano disse que o brasileiro não compreende o mundo e repete o discurso de Putin.
Nessa terça-feira (19/9), como o Metrópoles mostrou, Zelensky não aplaudiu o discurso do brasileiro na 78ª Assembleia Geral da ONU. Durante o pronunciamento, o mandatário afirmou que a guerra no Leste Europeu escancara a “incapacidade” de os países-membros manterem as diretrizes do organismo multilateral.
Mais tarde, quando foi questionado sobre o encontro, Lula disse que não tinha expectativas, e que conversaria sobre o que o ucraniano quisesse falar. Segundo o petista, foi a Ucrânia quem solicitou o encontro durante a viagem.